SALIVA DO CARRAPATO É A MAIS NOVA ALIADA NO COMBATE AO CÂNCER
A partir da glândula que produz a saliva,
cientistas desenvolveram em laboratório uma proteína que mata células
cancerígenas. Se tratamento for considerado seguro, testes em humanos serão
liberados.
Pesquisadores do Instituto
Butantan em São Paulo apresentaram um ajudante no combate a
alguns tipos de câncer, o carrapato. Engordados no laboratório e colados na
mesa. É assim que os carrapatos produzem saliva para os pesquisadores. O bicho
que se alimenta de sangue e pode transmitir doenças graves é estudado no mundo
inteiro porque a saliva dele não deixa o sangue coagular.
No Instituto Butantan, os cientistas fizeram uma nova descoberta. A
partir da glândula que produz a saliva, eles desenvolveram em laboratório a
Amblyomin-X, uma proteína que mata células cancerígenas. Os testes foram feitos
em dois grupos de camundongos com melanoma, o tipo mais grave de câncer de
pele. Os que não foram tratados morreram em um mês. No grupo que recebeu a
proteína durante 42 dias, o melanoma desapareceu.
Em outro teste, depois de 15 dias, os tumores se espalharam pelo pulmão
do animal que não recebeu o tratamento e praticamente não atingiram o pulmão do
que foi tratado. A proteína só mata as células doentes. “Quando nós fazemos
tratamentos, ou regride a massa tumoral ou cura o animal. Além disso, todo o
resto do organismo normal se mantém preservado e o animal fica saudável”,
aponta a pesquisadora do Instituto Butantan Ana Marisa Chudzinski.
Uma nova etapa da pesquisa vai começar agora. Por determinação da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária, os pesquisadores vão fazer mais uma
rodada de testes em animais, seguindo padrões internacionais, para avaliar, por
exemplo, a dose ideal para o tratamento. Essa nova fase deve durar um ano. Se o
tratamento for considerado seguro, os testes em humanos serão liberados.
Os pesquisadores estão otimistas porque testes de laboratório em células
humanas com tumores de mama, pele e pâncreas já deram bons resultados.O bicho
que surgiu há 60 milhões de anos pode dar um novo rumo à indústria de
medicamentos no Brasil.
“Seria a primeira vez que o Brasil passaria a desenvolver uma molécula
desde a sua descoberta até a produção industrial. Então acho que para o Brasil
é um marco, muda de patamar”, ressalta Chudzinski.
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